segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Epicuro - carta a felicidade

Epicuro - carta a felicidade

Introdução

Epicuro nasceu em 341 a.C., na ilha grega de Samos, mas sempre ostentou a cidadania ateniense herdada pelo pai emigrante.
Em Samos, ele passou a infância e a juventude, iniciando seus estudos de filosofia com o acadêmico Plânfilo, filósofo platônico cujas lições seguiu dos 14 ao 18 anos. Ao atingir essa idade Epicuro transfere-se para Atenas para cumprir os dois anos obrigatórios do treinamento militar destinado aos febos. Em 306 a.C. ele adquire uma ampla casa com um amplo jardim onde abriu sua famosa escola em Atenas, logo conhecida como “O Jardim de Epicuro”
Epicuro faleceu em 270 a.C., aos setenta e dois anos de idade, e foi seu fiel discípulo Hemarco quem o sucedeu na direção da escola. A carta a Meneceu, de Epicuro, é mais conhecida como Carta sobre a felicidade tendo em vista atingir a tão almejada “saúde do Espirito”.
Tem como meta atingir a felicidade do homem, a começar pela crença na existência dos deuses, considerados imortais e bem aventurados.
Em outro tópico é apresentada a morte, como o mais aterrador dos males.
Para Epicuro vencer o medo da morte é necessário, pois o importante é a qualidade de vida e não a duração. Já o desejo é acompanhado das grandes necessidades, do cuidado do corpo e da tranqüilidade do espirito. O prazer como bem principal é inato, não é algo que deva ser buscado a todo custo.
E finalmente o homem sábio jamais deve acreditar cegamente no destino e na sorte como se estes fossem fatalidades inexoráveis e sem esperança, despontando aqui a sua crença na vontade e na liberdade do homem.

Carta sobre a felicidade

A filosofia é útil a todos não importando a idade, seja para o jovem ou para o velho.


“ que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de faze-lo depois de velho, por ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito.(Epicuro, carta sobre a felicidade, pág.21).


A filosofia nos traz ao envelhecer a recordação das coisas que já se foram e enquanto jovem as coisa que virão. É necessário cuidar das coisas que trazem a felicidade, Epicuro da seus ensinamentos e diz: “pratica e cultiva os ensinamentos que sempre vos transmiti, na certeza de que eles constituem os elementos fundamentais para uma vida feliz.” (Epicuro, carta sobre a felicidade, pág.23).

Epicuro traz em primeiro lugar a sua consideração as divindades como um ente imortal não podendo contribuir a ela nada que seja incompatível com sua imortalidade. Os deuses de fato existem e é evidente o conhecimento que temos deles. Surge então a crença que os deuses trazem malefícios, quando o ímpio atribui aos deuses os falsos juízos. Daí a crença de que os deuses causam os maiores malefícios aos maus e maiores benefícios aos bons.
Epicuro também nos traz a idéia de que a morte para nós não é nada.

“A morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações.” (Epicuro, Carta sobre a felicidade, pág.27).

Aquele que não tem medo de morrer, está convencido que não há nada de terrível em deixar de viver, por isso Epicuro diz que a morte é chegada pois aflige a própria espera, e aquele que está preparado para receber não fica afligido pois não tem o medo da morte, visando ele a imortalidade do espirito.

“Quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrario, quando a morte está presente, nós é que não estamos.A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, já que aqueles, ela não existe, ao passo que este não estão nem aqui.” (Epicuro, Carta sobre a felicidade, pág.29).


Ser um homem sábio é ser um homem que sabe viver bem, sem medo do que há por vir, para um homem sábio viver não é um fardo e o não viver não se torna um mal. O viver para Epicuro tem um sentido muito grande e bonito quanto a vida. Mesmo sabendo que o futuro não é nosso, o homem é livre.

A escolha pelo prazer se têm, a natural e a necessária ambas caminhando juntas.
Só sentimos prazer quando sofremos pela sua ausência.
“O prazer é o inicio e o fim da vida”.( Epicuro, Carta sobre a felicidade, pág.37).

Más não escolhemos qualquer prazer, embora seja ela inato.

Saber avaliar a dor e o prazer é o grande critério para atingir a felicidade.


“Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos,... mas o prazer é a ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma.” (Epicuro, Carta sobre a felicidade, pág.41).


“Medita, pois todas esta coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, que acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Pois não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais.” Epicuro, Carta sobre a felicidade, pág.48).

A filosofia, para Epicuro, deveria servir ao homem como instrumento de libertação e como via de acesso à verdadeira felicidade. Está consistiria na serenidade de espírito que advém da consciência de que é ao homem que compete conseguir o domínio de si mesmo.
Com sua concepção da realidade, Epicuro pretende libertar o homem dos dois temores que o impediram de encontrar a felicidade: o medo dos deuses e o temor da morte. Os deuses existem, afirma Epicuro, mas seriam seres perfeitos que não se misturam às imperfeições e as vicissitudes da vida humana.
Quanto à morte, não há também porque teme-la. A morte, portanto, não existe enquanto o homem vive e este não existe mais quando ela sobrevém.
Epicuro afirma que o prazer que o homem deve buscar não é o da pura satisfação física imediata e mutável. Para Epicuro o prazer que deve nortear a conduta humana é constituído pela ausência de perturbação e pela ausência de dor, ambas podem ser alcançadas na medida em que o homem, através do autodomínio, busque a auto-suficiência que o torne um ser que tem em si mesmo sua própria lei, capaz de ser feliz e sereno independentemente das circunstâncias.



Bibliografia

Epicuro. Carta sobre a felicidade: (a Meneceu) / Epicuro: tradução e apresentação de Álvaro Lorencine e Enzo Del Carrote. – São Paulo: Editora Unesp, 2002.

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